FABIO PAGNOZZI FALA SOBRE A CHACINA NA CRECHE

ADVOGADO FABIO PAGNOZZI

Uma notícia chocou o país nesta última terça-feira, dia 04/05. Um jovem de dezoito anos atacou e matou, a facadas, três crianças e duas funcionárias em uma creche de Saudades, pequeno município do oeste de Santa Catarina, distante 600 km da capital. Uma quarta criança também foi atacada e encaminhada para a UTI, mas sobreviveu e se recupera em um hospital de Chapecó.

O número de mortos poderia ser maior, vez que vinte crianças e cinco professoras estavam no local no momento do ataque, mas estas conseguiram se trancar nas salas. Após o crime, o rapaz tentou suicídio golpeando a si mesmo, mas foi preso e levado sob custódia a um hospital da região em estado gravíssimo. A Polícia encontrou 11 mil reais e duas embalagens de facas novas na casa do jovem. Infelizmente, não se trata de ato inédito e as circunstâncias do crime remetem à ataques semelhantes ocorridos no país, como o de Realengo/RJ em 2011 e Suzano/SP em 2019. O que mais assusta, no entanto, foi a escolha de algumas das vítimas: crianças menores de dois anos de idade e, portanto, absolutamente indefesas.

O caso reacende a discussão acerca da facilidade de acesso a ambientes escolares e quais seriam as motivações do infrator para o cometimento de delitos da espécie. Muito se especula sobre a influência de jogos violentos, porém estudos sobre a matéria não indicam relação entre os jogos e ações agressivos ou condutas criminosas na vida real, como concluiu uma pesquisa da Universidade de Oxford de 2019, por exemplo.

Na verdade, a grande maioria dos casos gira em torno do passado do agente, que ou foi de bullying ou rejeição, ou alimentava ódio contra um grupo específico de pessoas, como mulheres, homossexuais, negros, judeus etc.  A melhor forma de prevenção deste tipo de crime é a atenção da família e amigos para observarem eventuais comportamentos que causem estranheza, como personalidade manifestamente introvertida, indícios de transtornos psicológicos, sedentarismo, inabilidade social e o desinteresse no diálogo e interação com outras pessoas.

Em paralelo, dificultar o acesso a armas evita a ocorrência de massacres e chacinas, algo que se verifica com maior frequência nos Estados Unidos devido a facilidade de comercialização de armas brancas e de fogo. O massacre de Columbine, no longínquo ano de 1999, foi causado por dois jovens fortemente armados, impopulares na escola, constantes alvos de bullying e que buscaram no crime suas vinganças pessoais. O prejuízo em relação aos treze mortos poderia ser menor se o acesso as armas tivesse sido dificultado.

Do mesmo modo, um maior controle sobre a entrada e saída de pessoas em escolas também poderia minimizar as chances de delitos assemelhados, vez que quanto menos oportunidades de entrada em determinado ambiente, mais vezes o criminoso pensará antes de cometer delitos, ou ao menos haverá mais oportunidades para que os presentes se escondam ou protejam.

O país se assusta e chora pelas vítimas da creche em Saudades. A ansiedade e o trauma que restarão sobre as demais funcionárias presentes e eventualmente até mesmo sobre as crianças (ainda que com menos de três anos) deverão ser tratados via acompanhamento psicológico. A sociedade e o poder público, cada qual com suas atribuições, devem buscar medidas que evitem a reiteração de crimes aterrorizantes como este, que mitigou a vida de duas jovens e três bebês de forma completamente precoce.

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Alex Mídia

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