Nos últimos anos, a harmonização orofacial tornou-se um dos procedimentos estéticos mais populares no Brasil. Desde 2019, os dentistas foram autorizados a realizar aplicações de toxina botulínica e ácido hialurônico para modelar o rosto, suavizar marcas de expressão e realçar a estética facial. Agora, uma nova fase está prestes a começar: a liberação gradual para que esses profissionais realizem determinados tipos de cirurgia plástica no rosto.
A mudança abre espaço para que dentistas possam realizar procedimentos como rinoplastia, lifting facial, alectomia (afinamento nasal), otoplastia (correção de orelha de abano), blefaroplastia (rejuvenescimento das pálpebras) e queiloplastia (modificação dos lábios).
O cirurgião-dentista Hugo Leonardo Sousa Mari explica que essa habilitação está em fase final de regulamentação e será concedida apenas a profissionais que cumprirem requisitos rigorosos de qualificação. “A nova habilitação é uma evolução natural após anos de estudos e experimentações”, afirma.
A Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) aponta que a rinoplastia é o quarto procedimento mais procurado no Brasil, o que indica um grande mercado para essa especialização. No entanto, a liberação não será irrestrita e dependerá de adaptações estruturais nos consultórios odontológicos para garantir a segurança dos pacientes.
A evolução da harmonização orofacial
Quando os dentistas receberam permissão para realizar harmonização facial em 2019, a decisão gerou debates na comunidade médica. Críticos alegavam que apenas cirurgiões plásticos e dermatologistas teriam preparo adequado para tais intervenções. Porém, defensores da medida argumentavam que a formação odontológica inclui amplo conhecimento da anatomia craniofacial, capacitando os dentistas a atuar nessa área.
Agora, com a possibilidade de realizarem cirurgias plásticas específicas, surge uma nova discussão sobre os limites da atuação desses profissionais. Hugo Mari destaca que a habilitação será concedida apenas a dentistas que realizarem treinamentos específicos. “Não se trata de uma autorização irrestrita. O objetivo é garantir que o profissional esteja devidamente qualificado para oferecer segurança ao paciente”, ressalta.
A decisão de ampliar a atuação dos dentistas ocorre em um cenário de crescente procura por procedimentos estéticos minimamente invasivos. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a busca por tratamentos como botox e preenchimentos faciais aumentou 390% nos últimos dez anos.
Quais procedimentos poderão ser realizados por dentistas?
Os procedimentos que poderão ser incluídos na nova habilitação abrangem desde técnicas simples até cirurgias mais complexas. Entre os mais esperados, destacam-se:
- Rinoplastia: Modificação da estrutura nasal para fins estéticos ou funcionais.
- Lifting facial (ritidoplastia): Cirurgia para reduzir sinais de envelhecimento no rosto.
- Alectomia: Técnica para afinar a largura do nariz.
- Otoplastia: Correção estética das orelhas de abano.
- Blefaroplastia: Remoção de excesso de pele e bolsas de gordura nas pálpebras.
- Queiloplastia: Procedimento para alterar o formato e o volume dos lábios.
Hugo Leonardo Sousa Mari esclarece que a regulamentação ainda está sendo discutida, e nem todos os procedimentos serão liberados de imediato. “A ideia é que essa mudança aconteça de forma gradual e com muito critério”, explica.
O impacto da nova habilitação no mercado da estética
Com a ampliação das competências dos dentistas, o setor de estética pode passar por mudanças significativas. Atualmente, muitos pacientes recorrem a cirurgiões plásticos e dermatologistas para procedimentos faciais. Com essa nova regulamentação, os consultórios odontológicos poderão se tornar concorrentes diretos dessas especialidades.
Para os pacientes, a novidade pode representar maior acessibilidade a procedimentos estéticos, já que os consultórios odontológicos tendem a ter custos operacionais menores do que clínicas médicas especializadas. No entanto, especialistas alertam que é essencial garantir que os profissionais estejam devidamente capacitados antes de realizarem cirurgias mais invasivas.
Hugo Mari reforça que a segurança dos pacientes deve ser sempre prioridade. “Essa evolução na odontologia estética precisa vir acompanhada de responsabilidade. O profissional deve buscar a melhor formação possível para garantir um atendimento seguro e eficaz”, afirma.
Desafios e regulamentação
Apesar das expectativas em torno da nova habilitação, ainda há desafios a serem enfrentados. Um dos principais pontos de discussão é a necessidade de adaptação da estrutura dos consultórios odontológicos. Cirurgias plásticas exigem ambientes preparados para atender a padrões rigorosos de biossegurança, o que pode exigir investimentos consideráveis por parte dos dentistas que desejam se especializar.
Além disso, a regulamentação da habilitação deve estabelecer critérios específicos para a formação desses profissionais. A proposta é que apenas dentistas que cumprirem uma carga horária mínima de especialização e treinamento prático possam realizar esses procedimentos.
Hugo Mari enfatiza que a odontologia estética está em constante evolução e que a regulamentação precisa acompanhar essas mudanças sem comprometer a segurança dos pacientes. “O avanço da harmonização orofacial mostra que os dentistas podem atuar de forma segura na estética facial. Agora, precisamos garantir que essa nova etapa seja implementada com a mesma responsabilidade”, conclui.
Conclusão
A ampliação da atuação dos dentistas na estética facial é uma mudança significativa no setor. Se regulamentada corretamente, a nova habilitação pode abrir portas para profissionais da odontologia e oferecer mais opções para os pacientes que buscam procedimentos estéticos.
No entanto, a medida exige cautela e um rigoroso controle de qualidade. Como alerta Hugo Leonardo Sousa Mari, a evolução na harmonização facial precisa ser acompanhada de capacitação, responsabilidade e respeito aos limites da profissão.
Com o mercado de estética em crescimento contínuo, essa nova fase pode representar uma oportunidade valiosa para os dentistas, desde que a segurança do paciente permaneça como prioridade absoluta.